sexta-feira, 21 de outubro de 2011

FORMAÇÃO OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA

O Lavador de Pedra - Manoel de Barros
A gente morava no patrimônio de Pedra Lisa. Pedra Lisa era um arruado de 13 casas e o rio por detrás. Pelo arruado passavam comitivas de boiadeiros e muitos andarilhos. Meu avô botou uma Venda no arruado. Vendia toucinho, freios, arroz, rapadura e tais. Os mantimentos que os boiadeiros compravam de passagem. Atrás da Venda estava o rio. E uma pedra que aforava no meio do rio. Meu avô, de tardezinha, ia lavar a pedra onde as garças pousavam e cacaravam. Na pedra não crescia nem musgo. Porque o cuspe das garças tem um ácido que mata no nascedouro qualquer espécie de planta. Meu avô ganhou o desnome de Lavador de Pedra. Porque toda tarde ele ia lavar aquela pedra.
A Venda ficou no tempo abandonada. Que nem uma cama ficasse abandonada. É que os boiadeiros agora faziam atalhos por outras estradas. A Venda por isso ficou no abandono de morrer. Pelo arruado só passavam agora os andarilhos. E os andarilhos paravam sempre para uma prosa com o meu avô. E para dividir a vianda que a mãe mandava para ele. Agora o avô morava na porta da Venda, debaixo de um pé de jatobá. Dali ele via os meninos rodando arcos de barril ao modo que bicicleta. Via os meninos em cavalo de pau correndo ao modo que montados em ema. Via os meninos que jogavam bola de meia ao modo que de couro. E corriam velozes pelo arruado ao modo
que tivessem comido canela de cachorro. Tudo isso mais os passarinhos e os andarilhos era a paisagem do meu avô. Chegou que ele disse uma vez: Os andarilhos, as crianças e os passarinhos têm o dom de ser poesia.
Dom de ser poesia é muito bom!

Manoel de Barros. Memórias inventadas: a infância
São Paulo: Planeta do Brasil, 2003.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

PLANO DE AULA
Folclore
20.08.2010
Autor e Co-autor(es)
Autora; Lecy Alves Velozo Nogueira

Iguatemi – MS

Co-autora: Elza Aparecida Coutinho Monzani
Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Produções Interativas e Artes/ Pluralidade Cultural Folclore
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
O objetivo desta aula é conhecer e vivenciar acerca das lendas folclóricas e também a socialização entre os alunos, o trabalho em equipe, e o respeito pelo outro.
Duração das atividades
A estimativa de duração do projeto e cerca de quinze dias, aproximadamente 6 aulas de 50 minutos por turma.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
Não é será necessário nenhum conhecimento prévio específico, além dos básicos que já possuem como ler, recortar, colar e outros.

Estratégias e recursos da aula
Primeiro momento:
Os alunos, separado por turma, receberão orientações do que são lendas, poderão ouvir através do microsistem a narrativa de algumas lendas, a professora também contará algumas no decorrer de outras aulas. Serão informados de que estarão posteriormente trabalhando em grupos atividades como: mosaico, recortes, pintura um painel sobre a lenda destinado a esta turma.

Segundo momento:
Pré agenda na STE os alunos de acordo com o nível poderão jogar jogo dos sete erros, montarem quebra-cabeça, labirinto, atividades de pintura, montagem de boneco articulado, pesquisar sobre algumas lendas.

Terceiro momento:
No decorrer das aulas seguintes os alunos farão o trabalho em mosaico no desenho (em tamanho gigante), opinarão, criticarão, discutirão em grupos as melhores formas do trabalho da turma ficar com melhor qualidade.

Quarto momento:
A etapa seguinte é a exposição dos mesmos, no projeto folclore, promovido pela própria escola.
Recursos Complementares
É uma atividade que não necessita de nenhum outro recurso além dos citados acima.
Avaliação A Professora apresentará para a turma os critérios de avaliação que serão: motivação na participação das atividades, debate com os colegas, respeitando as opiniões, colaboração para a aprendizagem do grupo e respeito ao espaço e desenvolvimento de cada um, além do produto final.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

SOBRE O SEMINÁRIO INTERNACIONAL PROFISSÃO PROFESSOR: O RESGATE DA PEDAGOGIA

Profissão Professor: o resgate de pedagogia
Introdução
João Batista Araujo e Oliveira - Presidente, Instituto Alfa e Beto
O presente volume inaugura a Coleção IAB de Seminários Internacionais. Ele contém os quatro artigos que foram objeto das apresentações no Seminário Internacional Profissão Professor: o resgate da pedagogia realizado entre 24 de agosto e 2 de setembro de 2009 em seis capitais do país.
Os artigos constituem uma resposta à pergunta central do seminário: existem pedagogias eficazes? Esta pergunta se desdobra, por sua vez, numa série de outras perguntas: O que é pedagogia? Qual a diferença entre pedagogia e métodos? Como saber se uma pedagogia é mais eficaz do que outra? Como separar o efeito da pedagogia do efeito do professor? Existem pedagogias específicas para diferentes disciplinas? O que é comum a todas as disciplinas e o que é específico? Por que os educadores não levem em conta as evidências científicas que contribuem para tornar suas práticas mais eficazes? A presente introdução reúne as principais conclusões dos autores dos artigos e sintetiza as evidências e argumentos principais.
A discussão sobre pedagogias eficazes é particularmente relevante neste momento em que, depois de 50 anos de ênfase na expansão do ensino, iniciada nos anos 60 do Século XX, a sociedade brasileira e as autoridades educacionais começam a falar sobre a qualidade. Qualidade se faz com professores, pedagogia e gestão eficaz. O presente volume trata da pedagogia, em sua interação com esses outros aspectos.
O que é pedagogia
A palavra pedagogo, de origem grega, referia-se ao educador que conduzia a criança para os poucos e seletivos educandários da época. Alguns gregos feitos escravos pelos romanos eram, eles próprios, os educadores das crianças. A partir daí o termo foi adquirindo diferentes conotações. A pedagogia como tema é tratada pelos três maiores filósofos clássicos da Antiguidade. Sócrates inaugura o maiêutica, também conhecida por método socrático. O método socrático envolve um professor que sabe e conduz a conversa, e um aluno que interage. Platão, especialmente no livro A República, trata da questão da educação e insiste na importância da motivação e da participação ativa do aprendiz no processo da aprendizagem. Aristóteles deixa como principal legado a estruturação das disciplinas e a base do que mais tarde se tornaria o “currículo” das primeiras universidades medievais, na forma do “trivium” e o “quadrivium”. Aí estão os temas centrais que continuam presentes no debate pedagógico: o que ensinar, como ensinar, o papel do professor e o papel do aprendiz.
Logo após a invenção da imprensa por Gutemberg, Comênio lança o que se considera o primeiro tratado de pedagogia da Idade Moderna. Trata-se de um prenúncio de uma pedagogia que só viria a se consolidar a partir do século XVII. Até então o ensino se dava na forma de preceptores, para as elites, ou na relação mestre-aprendiz. O ensino era individualizado e a-sistemático. A estruturação do conhecimento pedagógico se deu como exigência para expandir o acesso da população às escolas. Isso se dá a partir do século XVII, sob a forte influência das ordens religiosas. A explicitação de uma pedagogia assegurava relativa estabilidade e previsibilidade ao ensino oferecido nas diferentes escolas.
A secularização do ensino reduziu a influência da Igreja, mas manteve consigo a tradição pedagógica.
Mas já na segunda metade do século XIX, sob a influência do romantismo e de outros “ismos” que caracterizam o pensamento da chamada Idade Moderna, o ensino clássico e a tradição pedagógica se tornam objeto de suspeição. Na entrada do século XX John Dewey consolida muitas dessas novas idéias no movimento que se tornou conhecido como Escola Nova e ficou associado ao conceito de “progressivismo” em educação, especialmente na América do Norte.
Mas afinal, em que consiste a “pedagogia”? Pedagogia consiste no conhecimento sistematizado sobre como ensinar alunos reunidos em grupos. Isso se opõe ao ensino individualizado e a-sistemático que prevalecia até então, e que dependia exclusivamente das decisões do mestre. O termo “pedagogia” envolve a definição de uma série de diretrizes que vão desde a definição de conteúdos, organização de grupos, manejo de classe, disciplina, avaliação, papel do professor, materiais e métodos. Em linguagem filosófica, a pedagogia é “techné”, arte ou artesanato que tem o sentido de uma atividade regrada.
FONTE: www.alfaebeto.com.br

PROFISSÃO PROFESSOR: O RESGATE DA PEDAGOGIA



Seminário Internacional Profissão Professor: o resgate da pedagogia realizado entre 24 de agosto e 2 de setembro de 2009 em seis capitais do país.